Farol Católico

"Vós sois a luz do mundo." Mt 5:13

Construir e habitar

Se o homem não construir sua morada… não terá onde habitar.

Grande fonte de sabedoria é meditar sobre a finitude humana. “Conhece a ti mesmo“, dizia o oráculo de Delfos. Eis-nos pois, diante de um dos mais impactantes fatos acerca de nossa condição humana: a temporalidade. Somos seres temporais, isto é, habitantes do tempo – escorregamos sem cessar entre o passado e o futuro e nosso presente é sempre uma fração fugaz de um todo maior. Por isso, em cada instante, o homem só pode isto ou aquilo, atualizando um número finito de potencialidades e abdicando por ora das demais. Nosso presente é como uma lupa que se concentra ora sobre esta, ora sobre aquela coisa e assim sucessivamente. Este escorregar inevitável do homem constitui um dos elementos mais fundamentais da estrutura de todas suas vivências, e é o que denominamos por este nome “tempo”.

Sem dúvida o “tempo” é um grande mistério. Ainda assim, ele ilumina nossa compreensão do homem. O homem é este ser que inquieto, transita sem cessar, não tem repouso. Por causa desta sua natureza que transita constantemente, o homem descobre uma vocação fundamental: ele é um ser chamado à urgência de uma tarefa – a tarefa de construir.

É no cumprimento desta tarefa que o homem transcende a finitude do instante. Se ele deve viver, então, a cada instante concentrado sobre isto ou aquilo, porquanto esta é a própria estrutura de suas vivências, é necessário que ele estenda seus esforços no tempo a fim de construir algo que possa transcender a caducidade desta finitude. Sua obra custará e valerá então, o somatório de muitos instantes reunidos.

Ora, o que é isto, construir? Sabemos que nenhuma grande obra se faz do dia para noite. Toda construção é um processo gradual que toma várias etapas e exige do homem um empenho ordenado que se dobra e se concentra repetidamente sobre o que deve realizar. Ao cabo de muitas tarefas, ele chega talvez a realizar “a grande tarefa”, porquanto para construir, por exemplo, uma casa, o homem precisa atravessar muitas etapas – conquistar e reunir recursos, projetar, lançar os fundamentos e ir avançando parte por parte até concluir a obra como um todo. Ademais, quando chega também a concluir essa construção, não se exclui a necessidade de ter que reformá-la muitas vezes.

O que é, então que deve o homem construir? O impressionante sobre o homem é isto: a obra capital de sua vida não é nada que esteja fora dele. Sua opus magnum é ele próprio. Em outras palavras: ele precisa construir-se. Esta é, afinal, a tarefa de uma vida, isto é, a tarefa de toda sua vida.

Por isso recordemo-nos que “De facto não temos aqui na Terra uma morada permanente, mas buscamos a cidade que há de vir.” (Hb 13:14). Se nossa morada não é na terra, mas nos céus, então quem são os habitantes do céu? Habitante do céu, muito naturalmente, é todo aquele que lá tem morada. E estamos a construi-la, neste exato momento. De que modo, porém? A cada vez que escolhemos entre o bem e o mal, isto é, entre Deus e o nada, estamos construindo ou não construindo nossa morada. Em verdade, não apenas não construímos, mas também muitas vezes destruímos o que já construímos ou aquilo que foi em nós construído.

Com efeito, a nossa obra não é um fazer do nada (ex nihilo), mas somos em verdade chamados a sermos cooperadores da obra de Deus. Não temos aqui autoria exclusiva; muito pelo contrário – o que temos é o que recebemos. Tudo vem da graça de Deus, que realiza a obra com nossa cooperação. A liberdade nos foi dada, e a sua posse implica na possibilidade de não cooperar na obra da construção, e de até mesmo atrapalhá-la.

Para que isso não ocorra, devemos edificar nossa morada sobre a rocha que é Cristo. Cristo é o que em nossas obras permanecerá… isto é, tudo o que se faz em Cristo, com Cristo e por Cristo, durará para sempre, pois Cristo é Deus, Deus é amor, e “a caridade jamais acabará.” (1Cor 13:8)

A beleza dói

“Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.” – Santo Agostinho

O homem, desde que é homem, contempla o céu. Digo: desde que é homem, isto é: desde aquilo que é lhe é próprio, desde sua humanidade. Os animais não participam da contemplação. Não volvem o olhar para cima, mas devotam sua vida inteiramente ao que está imediatamente abaixo. Eis uma etimologia de homem: do grego “anô athron“, isto é, olhar para cima. É verdade que também o homem participa da animalidade; de modo especial, quando se alimenta notamos que seu olhar se volve abaixo e, a depender dos seus modos à mesa, assemelha-se em tudo com um animal.

Quando, contudo, o homem contempla, ele é humano. Se o alimento material o obriga a olhar para baixo, a contemplação, que é alimento da alma, o eleva para cima. São duas forças diferentes: uma conduz ao que é corruptível e a outra ao incorruptível. Uma ao material, a outra, ao imaterial. Assim, se é verdade que o humano do homem é sua alma, ainda que unida ao corpo, então a contemplação se apresenta como um ato propriamente humano.

Quando estamos na presença de um céu estrelado, sentimos como que um magnetismo que nos faz olhar para cima. Mas o que o atrai o homem para a contemplação do céu? Aristóteles dizia que o mundo supralunar era povoada por seres perfeitos, porque imóveis, incorruptíveis, imutáveis e eternos. Com efeito, ao olhar para o céu, o homem descobriu não só uma maravilhosa ordem a reger o universo, ou seja, descobriu o Logos que é a razão de tudo que existe, mas também a morada dos deuses. Descobriu, portanto, para onde quer ir.

Aristóteles dizia que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem, visam, miram. Portanto, o bem exerce uma força de atração sobre o homem. O bem não é, portanto, uma força neutra, mas uma força que nos impele para as alturas. Alguns séculos depois, Tomás de Aquino nos disse que a beleza e o bem são realidades conversíveis entre si, dado serem transcendentais. O bem e o belo podem ser distinguidos, mas não podem ser separados. Toda beleza, com efeito, manifesta alguma bondade; e toda bondade, por sua vez, manifesta alguma beleza.

Quem já teve a chance de contemplar um céu verdadeiramente povoado de estrelas e luzes, já percebeu a verdade dessas palavras. Somos atraídos para o olhar, porque o céu é a um só tempo belo e bom; e porque é belo é bom, e porque é bom é belo. O céu, podemos dizer, atrai o olhar do homem e depois o cativa. Deixa o homem cheio de desejo: ele quer unir-se àquela beleza, mas ainda não pode. É precisamente aí que sofre. Porque a beleza nos faz verdadeiramente sofrer.

Faz-nos sofrer porque não podemos ainda unirmo-nos inteira e definitivamente à ela, embora a desejemos ardentemente. E este desejo cresce na medida do nosso conhecimento. Por isso, quanto mais conhecemos, mais desejamos, e quanto mais desejamos, mais amamos. E quanto mais amamos, mais sofremos as delícias do amor e passamos a desprezar tudo aquilo que não é o amado. É por isso que os filósofos antigos, que amavam o Logos, assim como os santos, que amam a Deus, vão se tornando mais e mais incompreensíveis para o homem comum, que está demasiadamente ocupado com seus afazeres cotidianos, e não tem tempo para a Philia, isto é, para o amor-amizade. É por isso que olham para os filósofos e os santos e pensam: como podem ter deixado tudo para trás e desprezado as coisas do mundo? Como podem sofrer a gosto? E a resposta é muito simples, e por isso mesmo nos confunde: é por amor!

A santidade segundo Lorenzo Scupoli

Deves entender que a santidade não consiste em outra coisa além do conhecimento da bondade e grandeza de Deus e da nossa nulidade e inclinação a toda espécie de mal; do amor por Ele e da indiferença por nós mesmos; da submissão não só a Ele, mas a toda criatura por causa dele; da renúncia total à nossa vontade, da total resignação à Providência e de fazer tudo pelo puro desejo de agradá-lo, porque Ele tem todo direito de ser amado e servido por suas criaturas.

SCUPOLI, Lorenzo. O combate espiritual. Cultor de Livros, São Paulo: 2019.

A santidade segundo São Luís Guanella

“Dizem que é muito difícil tornar-se santo. Mas não é verdade. Cada qual que queira pode tornar-se santo. Não se pedem coisas impossíveis para que alguém fique santo. Basta somente que ele faça com santíssima intenção todas as obras de seu estado de vida (…)

SÃO LUIS GUANNELA, IL PANE DELL’ANIMA – PRIMO CORSO, OPERA OMNIA, VOL. I, CENTRO CENTRO STUDI GUANELLIANI, NUOVE FRONTIERE EDITORA, ROMA 1992, P. 367

Tu que desde muito tempo pede conselho para tornar-se santo, reza para poder seguir em tudo a divina vontade, porque isto basta para tornar-se santo”.

L. GUANELLA, ANDIAMO AL PADRE, OPERA OMNIA, VOL. III, CENTRO STUDI GUANELLIANI, NUOUVE FRONTIERE EDITORA, ROMA 1999, P. 140.

Inacabado?

Ao iniciar a leitura da Suma Teológica antes de ontem me vi tomado por um certo desânimo, com o qual logo me encontrei em vias de arrolar todos os motivos que tenho para desistir desde já deste projeto. Afinal, pensei comigo: a) A Suma é tão grande e eu, tão pequeno; b) Tomás é um gênio, e eu, tão limitado; c) A Suma tem tantas páginas, e eu, tantos afazeres.

Mas eis que hoje à noite me vi inspirado por certos pensamentos que quero agora compartilhar. Em primeiro lugar me vi a perguntar:

Quantas coisas será que terei que deixar inacabadas ao morrer?

E logo essa pergunta se tornou outra, a meu ver mais importante:

Quais são as coisas que eu não posso de forma alguma deixar inacabadas?

E com isso fui me sentindo mais aliviado, até o ponto de ficar feliz. Mas o que aconteceu com minha angústia?

Preciso reconhecer que recebi uma valiosa ajuda de um grande autor espiritual, o Lorenzo Scupoli, que em minha leitura espiritual diária pela manhã me serviu como aquela “voz de Deus que fala pelas criaturas“: no Capítulo 20 de sua obra “O combate espiritual”, Lorenzo ensina-nos como “atomizar” nossas dificuldades. Assim, quando estamos desanimados por uma tarefa muito grande e difícil, devemos fazer uma operação psíquica de divisão. Como assim? Pegamos o que é complexo e dividimos em partes menores. Como manobra adicional, focamos nossa atenção toda nessa tarefa, com se estivéssemos a imaginar que não temos outra tarefa a realizar senão aquela com a qual nos ocupamos neste momento.

Assim, nos aliviamos daquela ansiedade que sentimos ao iniciar uma tarefa já pensando em tudo o que ainda não realizamos, isto é, aquilo que ainda temos por fazer. Mas esse pensamento é fonte de muita angústia, porque, ainda que avancemos bastante, não nos sentimos nunca satisfeitos, visto que a balança dos nossos feitos pesa sempre contra nós, isto é, há sempre muito mais coisas que temos que deixar inacabadas hoje do que realmente terminadas. E detalhe: precisamos ir dormir com isso, todos os dias.

Foi então que um outro pensamento me invadiu, penso que sob a influência de Santa Teresinha, esta santa da “pequena via”, que sempre esteve tão próxima de mim, visto que moro há 27 anos perto de uma paróquia que leva seu nome.

Santa Teresinha me ensinou que talvez o mais importante não seja fazer muitas coisas, mas fazê-las bem, sejam elas pequenas ou grandes, oferecendo-as todas como oferta agradável a Deus. Desse modo tudo estará, ao final do dia, completo, ainda que faltem muitas coisas por fazer. É que o que realmente importa não é terminar de realizar todos nossos projetos , pois de nada adiantaria terminá-los se eles não tivessem o preenchimento correto – seriam ocos. Com efeito “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” (Sl 127)

Mas o que é isto que deve preencher tudo o que fazemos? Suspeito que haja alguma coisa que devemos colocar em tudo o que fazemos, da menor até a maior. Em uma comparação simples, é como fosse uma substância secreta, um ingrediente fundamental que torna todas coisas que fazemos preciosas. É uma palavra importante demais para que seja dita de novo como se fosse algo que nós já compreendemos e estamos fartos de ouvir. É a palavra mais importante e mais gasta de todas, e por isso não a direi, pois imagino que vocês já saibam bem do que estou falando.

Lembro-me agora de alguns desenhos que fiz para meus pais quando era criança. Eram todos muito toscos e muito iguais. Retratavam uma família de palitinhos felizes com o sol sorrindo no fundo, um coração e uma casinha mal desenhada… Pergunto-me porquê. Mas meus pais não pareciam se incomodar. Afinal, eles não estavam preocupados com a técnica artística empregada. Eles amavam os desenhos – prova disso é que ou guardavam com carinho ou então colavam na porta de seus armários – justamente por serem tão toscos, e ao mesmo tempo, tão significativos.

Acho que Deus é mais ou menos como meus pais. Tudo o que temos pra oferecer a Deus é sempre muito tosco comparado ao que ele mesmo é e já possui. No entanto, ele não me parece incomodar-se com isso. Pelo contrário, gosto de pensar que ele coleta cada pequeno presente tosco que oferecemos para ele com muito cuidado e carinho, e guarda-os em seu coração. Gosto também de pensar que talvez algum dia Ele irá nos mostrar de novo cada um desses presentes que demos para Ele. Meu receio, porém, é que nesse dia nós nos sintamos muito tristes por ter dado tão pouco a um Pai que merecia tanto, e que recolhia cada pequeno presente nosso com tanto amor e carinho.

Por que São José é o maior santo da Igreja Católica?

São José é o maior santo da Igreja, e isso principalmente por 7 razões:

  • Sendo um “homem justo” Mt 1:19, São José foi escolhido livremente pelo próprio Deus para ser o pai adotivo de Jesus e o chefe da Sagrada Família.
  • A São José foi confiado o cuidado e a guarda dos dois maiores tesouros de Deus: Jesus e Maria.
  • São José conviveu no dia a dia com Jesus por mais tempo do que qualquer outro santo da Igreja.
  • Jesus, mesmo sendo Deus, o obedecia, porque era da vontade do Pai que ele, ao encarnar, se submetesse ao cuidado, proteção e guarda de seu Pai adotivo, São José.
  • No céu, São José obtém qualquer coisa de Jesus. De fato, é da opinião de alguns teólogos que a onipotência suplicante de Nossa Senhora estende-se a São José.
  • No céu, a glória de São José, excetuando a de Nossa Senhora, é a maior entre todos os santos: “Vi nos céus os santos inclinarem a cabeça, quando pronunciavam o nome de São José.” Santa Gertrudes
  • O Papa Pio XI, em 08 de dezembro de 1870, proclamou São José Patrono Universal da Igreja.

Frases sobre São José

“O maior santo que já viveu não era diácono, nem padre, nem bispo, nem papa, nem eremita, nem monge… ele era marido, pai e trabalhador.

São josé maria de escrivá

“Alguns santos receberam o privilégio de nos proteger em casos particulares. A São José foi conferido o encargo de nos socorrer em toda necessidade e em qualquer negócio. De defender, proteger e amparar, com perene benevolência, todos os que a ele recorrem.”

São Tomás de Aquino

“Compara os outros santos às estrelas, mas São José ao sol.”

Santo Agostinho

“Vi no céu os santos inclinarem a cabeça, quando pronunciavam o nome de São José.”

Santa Gertrudes

“Que santo ou anjo mereceu ser chamado pai do Filho de Deus? São José teve essa honra.”

São Basílio

“O oratório de São José em Montreal, a maior basílica do Canadá e do mundo, é a capital mundial do culto a São José.”

São João Paulo II

“Só peço, por amor de Deus, que o experimente, quem não me acreditar, e verá por experiência o grande bem que é recomendar-se a este glorioso patriarca e ter-lhe devoção. ”

Santa Teresa

“É tão importante a devoção a São José, que deve enraizar-se nos costumes e instituições católicas. Queremos que os fiéis sejam incitados a esta prática pela palavra e por nossa autoridade.”

Papa Leão XIII

“Como é doce, calmo, sereno e suave o pensamento de São José, meu primeiro e predileto protetor.”

Papa João XXIII

“O Senhor recomendou que tivesse especial devoção a São José e lhe prestasse sempre fiel homenagem.”

Santa Margarida

“Ó Jesus, dai-me a ardente caridade de São José, e nada mais restará a desejar sobre a terra.”

São João Maria Vianney

“Não me lembro de ter pedido alguma graça a São José, que ele não me tenha alcançado.”

Santa Teresa D’ÁVILA

“São José é forte.”

Irmão André

Sobre a eternidade e o valor incalculável do tempo

Enquanto somos jovens, raramente chegamos a compreender quão breve realmente é a vida. Frequentemente ouvimos as pessoas dizerem que o tempo corre veloz, mas na maioria das vezes não damos muita importância à essas palavras do senso comum. Por isso, fazemos planos distantes, e afastamos nosso pensamento da morte. De fato, vivemos a maior parte do tempo como se não fôssemos morrer, ou como se estivéssemos destinados a construir nossa morada aqui na terra para nela habitar para sempre.

A monotonia e o sofrimento de nossas vidas também geram a impressão de que o tempo corre devagar. Tola ilusão! O verdadeiro parâmetro para compreender o sentido do tempo não é comparando-o ao que é passageiro, mas sim ao que é eterno. Afinal, o que é o tempo da vida humana se comparado à eternidade? Mesmo os mais longevos entre nós não viverão mais que 120 anos.

É por essa razão que quero hoje dizer, e dizer aliás com toda a ênfase que possível for, que NADA É MAIS URGENTE PARA NÓS, SERES EFÊMEROS1, DO QUE VIVER A VIDA INTEIRAMENTE À LUZ DA ETERNIDADE. Em outras palavras, precisamos sempre viver com a consciência e a atitude de quem sabe que seu exíguo tempo na terra irá desaguar na eternidade, exatamente como ocorre com aqueles pequenos rios que deságuam no majestoso mar.

Atentai-vos: é o tempo que se converterá na eternidade, e não o inverso. Se contudo não vivermos desde já à luz da eternidade, subordinando as coisas temporais às eternas a fim de atingir nosso fim último – que é participar na glória da comunhão divina do AMOR – então seremos lagartas que morreram antes de se tornarem borboletas. E não há nada mais dramático e trágico do que isso – é o maior fracasso possível, é o próprio inferno!

A partir daí se compreende o valor do tempo que dispomos na nossa vida. Tanto mais valioso quanto mais raro. O mesmo se passa com o ouro e o diamante. Muitíssimo mais valioso que eles, porém, é o tempo na terra, que um dia se esgotará para sempre e jamais poderá ser recuperado; seu valor é incalculável. À ele só poderíamos comparar à uma pessoa querida que perdêssemos, e que nada nem ninguém no mundo poderia substituir, pois é única.

Que é o tempo vida humana, portanto? Píndaro já dizia que não passa do “sonho de uma sombra”… Que acordemos, então, caros irmãos e irmãs! Pois “A noite vai adiantada e o dia vem chegando” e a verdade é que não temos mais muito tempo. Que não sejamos surpreendidos, quando, no momento da nossa morte, percebermos que toda nossa vida não passou de um breve instante de tempo que agora adentra a eternidade:

E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.

A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.

Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja.

Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.

Romanos 13:11-14

  1. A palavra efêmero vem do Grego EPHEMEROS, que significa “curto, o que dura apenas um dia”, de EPI, “sobre”, mais HEMERAI, “dia”.

O essencial acerca do Santo Rosário

Com sua encíclica “Rosarium Virginis Mariae”, o papa João Paulo II resumiu tudo o que é mais essencial sabermos acerca do Santo Rosário.

O Santo Rosário não é apenas uma composição de Pais Nossos e Ave-Marias. O Santo Rosário é o resumo da vida, paixão, morte e glória de Jesus e Maria. Que a sua simplicidade não nos engane: trata-se de uma oração singela, porém profundíssima, inefavelmente sublime e divina, recomendada por uma multidão de santos e autorizada pelos diversos papas. As orações que o compõe justificam sua grandeza: por um lado, o Credo, no qual afirmamos nossa fé em todas as verdades mais centrais do cristianismo; o Pai-Nosso, cuja perfeição supera todas demais, uma vez que foi criada e ensinada pelo próprio Cristo e é, conforme diz Tertuliano um resumo do evangelho; a Ave-Maria, também chamada de Saudação Angélica, na qual honramos Maria e pedimos dela tudo de que temos necessidade, e isso nos dois momentos mais importantes de nossa vida, isto é, “agora” e “na hora de nossa morte”; e o Glória, que é o apogeu da contemplação, pois Cristo é o caminho que nos conduz ao Pai no Espírito.

Em si, a palavra Rosário significa “coroa de rosas”. As crônicas de São Francisco [1] fazem referência a um relato admirável acerca deste nome, que não é apenas um enfeite: certa vez testemunharam vários freis com seus próprios olhos que, a cada Ave-Maria que rezamos, uma linda rosa sai de nossa boca, é coletada pelos anjos e depositada uma a uma na cabeça de Nossa Senhora, que não se ausenta até ver tecida uma belíssima coroa de rosas.

O Rosário não é apenas oração vocal, mas, sobretudo, oração mental. Nele, não apenas recitamos as orações que o compõe, mas também meditamos os principais mistérios da vida, morte e glória de Jesus Cristo e de sua Santíssima Mãe. Sendo assim, o Rosário não é, de forma alguma, uma repetição mecânica de fórmulas pré-fabricadas: deve ser feito num ritmo tranqüilo e com uma certa demora no pensar. Afinal, o centro do Rosário é a contemplação, e a contemplação, a pedagogia da santidade. Mas o que significa contemplar?  São João Paulo II, em sua encíclica Rosarium Virginis Mariae diz que contemplar é “fixar os olhos no rosto de Cristo, reconhecer o seu mistério no caminho ordinário e doloroso de sua humanidade, até perceber o brilho divino definitivamente manifestado no Ressuscitado glorificado à direita do Pai.” Vamos então, aos poucos, nos tornando naquilo que contemplamos. Com o tempo, o contemplado vai se tornando parte daquele que contempla; os mistérios de Cristo e Nossa Senhora vão sendo incorporados no nosso dia-a-dia, e vamos imitando suas ações, seus ensinamentos.

Quem nos ensina a arte da contemplação é Nossa Senhora. Maria praticou de modo insuperável a contemplação. À contemplação do rosto de Cristo ninguém se dedicou com a mesma assiduidade que Maria. Cabe-nos até mesmo formular uma pergunta inusitada neste ponto: Nossa Senhora rezava o Rosário? A resposta é igualmente inusitada: sim, Nossa Senhora rezava sim o Rosário, na medida em que percorria o pensamento várias vezes ao dia nos diversos momentos da sua vida junto com seu Filho: “Conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.” (Lc 2,19) “Foram estas recordações que constituíram de certo modo, o Rosário que ela mesma recitou constantemente nos dias da sua vida terrena.”, nos diz São João Paulo II. Assim, quando rezamos o Rosário nos sintonizamos com a lembrança e com o olhar de Maria. Percorrer com Maria as cenas do Rosário é freqüentar a escola de Maria para ler, amar e imitar a Cristo.

Devemos nos esforçar constantemente a rezar melhor o Rosário. O que então é necessário para bem rezá-lo? Diz-nos São Luis Maria: “É preciso que aquele que se aproxima de Deus pela oração comece por crer, e quanto mais fé ele tiver, mais sua oração terá força de mérito em si mesma e dará glória a Deus”. Além disso, não devemos desanimar mesmo se sentimos que não conseguimos ainda nos concentrar, ou se sentimos muita aridez ao rezá-lo, pois “não devemos buscar na prática do Santo Rosário apenas nosso gosto sensível e nossa consolação espiritual, ou seja, não devemos abandoná-lo porque temos uma multidão de distrações involuntárias no espírito, um desgosto estranho na alma, um tédio tórrido e uma apatia quase contínua no corpo; não é necessário gosto nem consolação, nem suspiros, nem arroubos, nem lágrimas, nem aplicação contínua da imaginação para recitar corretamente seu Rosário. A fé pura e boa intenção são suficientes.”

Exortação: Várias aparições de Nossa Senhora, como Lourdes e Fátima nos incitam à recitação diária do Santíssimo Rosário. É um pedido de Nossa Senhora, que urge e se faz cada vez mais necessário em nossos tempos turbulentos e repletos de desafios. Não deixemos de rezar o Santo Rosário diariamente!

Curiosidade: Somente a partir do ano de 2002 que surgem os mistérios luminosos com a encíclica papal “Rosarium Virginis Mariae, de São João Paulo II.


1. “As crônicas de São Francisco contam que um jovem religioso tinha o costume louvável de rezar todos os dias, antes de sua refeição, a coroa de Nossa Senhora. Um dia, não se sabe por qual razão, ele deixou de rezá-la. Tendo soado a hora do jantar, ele pediu permissão ao superior para recitá-lo antes de se sentar à mesa. Com a permissão, ele se retirou em sua cela; todavia, como ele demorava muito, o superior enviou um religioso para chamá-lo. Esse religioso o encontrou em seu quarto, brilhando por inteiro com uma luz celestial, e Nossa Senhora com dois anjos junto dele; à medida que recitava uma Ave Maria, uma linda rosa saia de sua boca, e os anjos pegavam as rosas umas após as outras e as colocavam sobre a cabeça de Nossa Senhora, que demonstava aprovação. Dois outros religiosos enviados para ver a razão do atraso dos demais contemplaram toda a cena, e a Santíssima Virgem não se retirou enquanto a coroa não foi recitada.” O Segredo admirável do Santíssimo Rosário, de São Luís Maria Grignion de Montfort, pág. 32.


A cura de Gemma di Giorgi por Padre Pio

Os olhos de Gemma sem pupilas

“Por meio das orações de Padre Pio, […] ocorreram curas. Uma cura bem documentada diz respeito a uma menina, Gemma di Giorgi. Ela nascera cega e sem pupilas. Quando ouviu sobre o poder da oração de Padre Pio, a avó de Gemma levou a menina a San Giovanni Rotondo, onde foram à missa celebrada pelo santo. Depois da celebração, Pio pousou a mão sobre a menina e pediu à Mãe de Cristo para interceder por ela. Passados alguns minutos, a atônita Gemma agora podia ver. Meses depois, um famoso especialista em oftalmologia afirmou que Gemma podia realmente ver, ainda que continuasse desprovida de pupilas.”

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