Viver para si ou viver para o outro: eis as duas orientações fundamentais de vida, isto é, os dois possíveis centros habituais de nossos pensamentos, preocupações, desejos e ações.
Viver para mim mesmo, o que isso significa? Significa que sou o centro habitual do meu próprio mundo; estou fechado para o outro, seja este outro o próximo ou Deus. Toda minha vida é um esforço constante para a auto-realização, para o meu sucesso pessoal, para alcançar a minha própria vitória.
Viver para o outro, por outro lado, significa: esqueço constantemente de mim mesmo. Não sou o centro do meu próprio mundo. Saio de mim e estou aberto para o outro. Sei renunciar às minhas vontades e aos meus caprichos em favor do outro. Além disso, a minha vitória pessoal não é imaginável se os outros não puderem participar de algum modo desta vitória.
Ora, a vida cristã implica numa mudança da primeira para a segunda orientação. Infelizmente, estamos naturalmente inclinados a vivermos para nós mesmos, isto é, no egoísmo. Sem a vida da graça, não conseguiríamos realizar esta conversão de vida. É preciso um auxílio sobrenatural.
Esta conversão, metanoia no grego, carrega um sentido de mudança de pensamento ou coração (meta: mudança; noia: pensamento e coração, pois na linguagem bíblica o coração é a sede do pensamento). No sentido cristão da palavra, falamos de uma mudança radical de vida que nos abre para o outro, isto é, para uma vida na caridade.
Um poderoso símbolo desta abertura é o coração chagado de Jesus, ferido de amor por nós. Por meio desta ferida, podemos estar seguros que a vida de Deus não é um círculo fechado em si mesmo, mas abertura da qual jorra um fluxo incessante de amor que sai de Deus e alcança os homens, atraindo-os constantemente para si e fazendo-os participar de sua vida divina. (Veja a imagem de Jesus misericordioso que Deus pediu à Santa Faustina que fosse pintada).
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